quinta-feira, 9 de outubro de 2025
PENSAMENTOS ABERTOS E LIVRES - 2 (CITANDO PEDRO SANTANA LOPES)
A BANALIDADE DE SER CAMPEÃO DO MUNDO
Felizmente, para honra e glória do desporto do país, em Portugal há campeões do mundo todos os dias, a pontapé. Tornou-se um hábito chato de tal maneira que os jornais desportivos (e são três) já não ligam, por certo porque lhes falta espaço nas primeiras páginas, tal é a quantidade.
Na Argentina, o Sporting Clube de Portugal ganhou o primeiro Campeonato do Mundo da história do hóquei em patins, por sinal modalidade com enormes pergaminhos em Portugal (actual campeão da Europa) e que, por isso, enche pavilhões em fins de semana sucessivos. Pode dizer-se que há algumas cidades no país onde existem mais espectadores no pavilhão para assistir a jogos de hóquei do que no estádio de futebol ver a equipa da terra, mesmo que esteja na segunda divisão, quiçá na primeira.
Pois o Sporting ganhou o Campeonato do Mundo em San Juan, na Argentina, considerada uma espécie de "catedral mundial" da modalidade, derrotando na final, após prolongamento, o Barcelona. O Barcelona, esse clubezeco que tem o maior números de títulos internacionais em todas as modalidades e que, no hóquei, tem um orçamento mais de cinco vezes superior ao do Sporting.
Um feito banal, afinal. No dia seguinte à conquista do título, os jornais desportivos foram omissos. É natural, o jogo acabou às duas da manhã portuguesas, não havia que esperar pelo desfecho mesmo que estivesse em jogo um campeonato do mundo para uma equipa portuguesa.
Vamos esperar pelo dia seguinte, pensei. E lá estava a notícia: n'"A Bola", um título canónico, desengonçado e às três pancadas, sem qualquer vibração, escondido num cantinho no ângulo superior direito da primeira página. Idem no "Record", mas para promover um poster no interior com o qual contou ganhar uns cobres extra devido à fidelidade e ao orgulho dos sportinguistas. N'"O jogo", cumprindo-se a norma, nem uma palavra na capa. É a ordem natural das coisas porque o feito foi obra de um clube de terras mouras, sem o pedigree da "gente do norte", como ainda reza a cartilha pintista, que é uma espécie de livro de normas da publicação.
Ah, já me esquecia. O chefe de Estado, sempre tão prolixo e mensageiro com qualquer título desportivo internacional conquistado por clubes, selecções ou atletas portugueses, preferiu o silêncio. Compreendo: teve de saudar, com toda a justiça, o título europeu dos sub-19 do futsal e o admirável comportamento português nos mundiais paralímpicos de atletismo. Faltou-lhe a tinta na caneta para saudar o clube português que acabara de ganhar um título de melhor do mundo, ou então os serviços informáticos do palácio pifaram devido à sobrecarga mensageira. Está tudo certo. Ainda assim, tanta moderação noticiosa e omissão oficial não conseguem esconder o feito. O Sporting Clube de Portugal venceu o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins ao derrotar na final o gigante Barcelona por 3-2. Fez-se história que fica para a história do desporto português. O resto é dor de cotovelo. Desculpem lá qualquer coisinha.
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